Alimentação: um processo de autoconhecimento
Como sabemos, para alcançarmos qualidade de vida, temos que comer e dormir bem, fazer atividades físicas e ter outros hábitos saudáveis. A grande questão é: por que as pessoas não seguem essas indicações e continuam enfrentando doenças como obesidade, diabetes e hipertensão? Com este conteúdo, queremos te ajudar na criação de disciplinas para que você tenha mais qualidade de vida.
COMIDA COMO NUTRIÇÃO
Muita gente apresenta uma relação conflituosa com a comida que, essencialmente, serve para nutrir e não para tratar uma tristeza ou preencher um espaço que está vazio por causa de uma ansiedade. Entendam: a comida não serve para comemorar ou para consolar, a comida só serve para nutrir. Claro que a parte social também é importante, mas quando temos uma programação de alimentação no dia a dia, temos que entender que essa alimentação tem que ser focada para a nutrição.
O QUE É FOME?
Devemos avaliar também um hábito muito presente na nossa cultura em que as pessoas não comem em virtude da fome, mas sim do horário que têm disponível para comer. Fomos ensinados que temos que tomar café da manhã, fazer um lanche e almoçar ao meio-dia, horário que, normalmente, as empresas liberam para esta refeição. Então, culturalmente a alimentação das pessoas está sendo guiada mais pelos horários sociais do que pela fome em si – mesmo porque, não sabemos identificar o que é fome. Muitas vezes, achamos que estamos sentindo fome, mas, na verdade, estamos com sede ou somente entediados.
O processo da relação com a comida começa quando passamos a entender o que é fome e o motivo pelo qual estamos sentindo fome, além de tentarmos nos conhecer para reconhecermos se aquilo que estamos sentindo é fome mesmo ou não. E essa identificação é muito mais um processo de autoconhecimento do que de disciplina e adaptação.
Significa parar para pensar e sentir quando você está com fome e tentar obedecer. Não é para comer porque está no horário de comer, mas, sim, porque está realmente com fome. Isso, além de mudar a relação que temos com a comida, faz com que as emoções não influenciem tanto na alimentação, pois passamos a entender que isso é uma necessidade do corpo, como tomar banho e escovar os dentes, e não um ato social.
QUALIDADE DA COMIDA
Outro ponto é que, de uns anos para cá, nas últimas gerações, mudamos muito a qualidade da nossa comida. Tudo que é mais simples, mais rápido e, talvez, mais barato, acaba sendo mais atrativo. Ainda mais se pensarmos que, em alguns casos, há liberação de prazer com alguns alimentos, mesmo aqueles de qualidades inferiores, e isso acaba incentivando a pessoa a sempre procurar o que é mais prático, mais barato e que proporcione mais prazer. O que temos que entender, no entanto, é que toda comida que comemos tem que estar dentro da geladeira. Aquilo que estraga, portanto, e fica preservado na geladeira, deve ser a maioria da comida que ingerimos. Essa é a comida de verdade, e não os industrializados.
Então, se algo está no armário e não estraga, temos que pensar que, para ele estar ali, apresenta grande quantidade de conservantes, é industrializado e ultra-processado. Ou seja: se a pessoa entender que a geladeira dela tem que estar mais cheia do que o armário, é um bom começo, porque há uma melhora da qualidade sabendo que a comida de verdade geralmente estraga.
Agora, sobre a qualidade da comida que fazemos. Quando cozinhamos, sabemos o que estamos colocando dentro da comida, diferentemente de quando compramos algo pronto, onde não sabemos o que vai ali dentro, como os aditivos de sabor ou uma gordura um pouco mais inflamatória. Então, quando cozinhamos, também existe esse aumento da relação com a comida, pois sabemos exatamente a qualidade daquilo que estamos preparando.
DÉFICIT CALÓRICO
Aproveito, também, para mencionar um detalhe: a única coisa que engorda é comer. Doença não engorda. Você ter tendência a engordar não engorda. Ter histórico familiar de obesidade não te engorda. O que engorda é colocar comida na boca. Agora, diminuir a quantidade de comida ou calorias ingeridas, isso, sim, emagrece. A única coisa que emagrece, portanto, é diminuir a comida ou melhorar a qualidade dessa comida para que ela seja mais nutritiva, tenha menos caloria e te faça ter um déficit negativo. Tomar remédio para emagrecer, por exemplo, é uma mentira. Não existe remédio que emagrece. Há remédios que diminuem um pouco a sua fome para que você não coma tanto. Mas como você vai tomar um remédio para diminuir a fome se você está comendo por outros motivos que não a fome? Esse remédio não vai adiantar para nada. E esse entendimento de que o que faz emagrecer é parar de comer, diminuir e melhorar a qualidade da comida, já é um ótimo passo. Além disso, precisamos lembrar que a comida pode ser inflamatória ou anti-inflamatória, e há várias doenças em que, mesmo que a pessoa não queira emagrecer, precisamos focar em uma alimentação anti-inflamatória, como as doenças crônicas e reumatológicas. Vale dizer ainda que, hoje em dia, também sabemos que a dieta tem um efeito muito importante para quem tem endometriose.
ESTILO DE VIDA
Se você já passou por muitas dietas, muitas tentativas frustradas de melhorar a sua alimentação, será mais difícil para retornar ao processo, já que para você isso se tornou um processo traumático. Então, ao começar a tentar mudar essa relação, se você já teve muitos traumas com a alimentação, pode ser um pouco mais difícil. Mas você precisa entender que isso só depende de você. Ninguém vai conseguir mudar isso para você. Eu posso te dar todos os caminhos, a receita para fazer isso, mas você não vai conseguir se não quiser fazer. Não existe milagre. Então, posso dizer que não é a motivação que faz as pessoas continuarem mudando, pois não existe motivação para continuar o processo. A única coisa que existe é disciplina. Portanto, para conseguir alcançar um objetivo, como melhorar sua qualidade de vida, diminuir a inflamação do seu corpo, emagrecer ou engordar, a única coisa que vai te ajudar é fazer a mesma coisa todo dia. Ninguém quer viver de dieta, mas você tem que mudar o seu estilo de vida a ponto da dieta estar nele.
É assim que mudamos a tão falada qualidade de vida: mudando um hábito. Parece óbvio, mas não é. E a partir do momento que você mudar, não foque no resultado desse hábito, mas foque no processo, pois ele é muito mais importante! Nunca se baseie no lugar que quer chegar, mas, sim, em como será a transição até lá. Isso é um processo individual. Pode ser que uma pessoa demore 20 anos para perder 10 kg, mas, nesse processo, ela vai mudar a composição de seu corpo e viver uma vida sem inflamação, evitando o desenvolvimento de outras doenças. Tem gente que perde peso rápido e depois recupera esse peso. Lembrando: tudo que é rápido e não passa pelo processo de transição, é rápido para voltar também.
Todos os dias faça alguma coisa para mudar um hábito e, no caso da alimentação, pense na sua relação com a comida, tente se conhecer e mudar a qualidade daquilo que você come. Além disso, como disse anteriormente, não será a motivação que vai te fazer mudar, e sim a disciplina. Essas são as coisas principais.
Assista o vídeo original da Dra. Ana Helena sobre o assunto, deixe seus comentários e compartilhe com seus amigos!
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